Arthur sentia-se tão cansado que o breve cochilo se tornou um longo sonho. Com um baque, ele se despertou desesperado não reconhecendo bem o local ao qual se encontrava. Tinha acabado de ter um pesado, e mesmo que perturbava suas noites de sono. A senhorinha com carrinho de doces e salgados passou pelo corredor, anunciando suas novidades para aquela nova viagem. — Não, obrigado. — Respondeu para a bruxa, que continuou seu trajeto pela extensão da locomotiva. Arthur apanhou o Profeta Diário do interior do seu sobretudo, e abriu-o. O jornal bruxo dava boas vindas ao ano letivo das escolas bruxas, assim como novas reformas no Ministério da Magia. Ao se deparar com os classificados, ele agradeceu por finalmente ter obtido sucesso na entrevista, depois de semanas tentando. Assim que terminou de ler as notícias que mais chamaram sua atenção, ele guardou o Profeta Diário, voltou a cruzar os braços e encostou a cabeça na janela.


A notícia de chegada a Hogsmeade foi comemorada por muitos nos vagões, e foi aquela manifestação que fez o homem despertar novamente do seu sono. Arthur se colocou de pé, ajeitando sua vestimenta, e apanhou a malão do compartimento superior. Deu uma rápida olhada, apenas para conferir se não havia esquecido nada e então se ausentou do Expresso Hogwarts.

ansiando pelas férias;

A professora carregava uma emoção interna, devido ao retorno. Utilizar o Expresso de Hogwarts para voltar à residência fazia Aspen se lembrar de muitos momentos enquanto aluna. Era por meio deste transporte que voltava para curtir suas férias junto à família, e agora não estava sendo diferente. Contudo, na condição de professora. Era extremamente gratificante lecionar na escola em que um dia foi discente. Nas mãos, carregava duas malas, enquanto trilhava o caminho dos corredores ao lado de Lúcio, o irmão do seu falecido ex-namorado. Aspen possuía um grande carinho por Lúcio, especialmente por ter sido o seu cunhado. — Esse foi o meu primeiro ano como docente, estou imensamente realizada! — era como olhar os feitos durante o ano e se orgulhar de todos estes. Muito aprendizado e crescimento, razão pela qual Aspen estava satisfeita.

Caminhando ao lado de Lúcio pelos corredores, por um momento a mulher pensou que o colega de profissão iria gostar de viajar junto aos alunos da Sonserina, já que era o Diretor da Casa. — Em qual vagão? — perguntou-o, por educação, mesmo desejando viajar longe das crianças. Ocorre que Aspen sempre foi acostumada a fazer uma leitura durante as viagens, pois além de passar rapidamente o tempo, também somava para o seu intelecto. Desde jovem, já evitava os seus colegas que faziam bagunça no trem, preferindo o silêncio, a calmaria e as fantasias de uma boa leitura. Lúcio indicou que gostaria de enfrentar a viagem no vagão dos docentes, razão pela qual Aspen voltou a caminhar nessa direção. — Achei que quisesse fazer companhia para as crianças da Sonserina, mas presumo que já deseje respirar o ar de férias. — comentou, enquanto adentrava ao vagão dos professores, escolhendo um lugar tranquilo.

A primeira coisa que fez foi armazenar seus pertences no bagageiro. Gentilmente, Lúcio ofereceu o lado da janela para a docente, que então tratou de se acomodar. Daquela vez, a inglesa não estava com nenhum exemplar em mãos para passar o tempo. Em vez disso, iria desfrutar da companhia do outro professor, aproveitaria para bater um papo agradável. De dentro do bolso das suas vestes, retirou um saquinho transparente cheio de guloseimas, sendo possível distinguir facilmente o que continha dentro. — Comprei na Dedosdemel. Quer algum? — ofereceu ao homem, esperando que aceitasse. — A viagem pode ser entediante demais. Então, sempre venho preparada com essas distrações. — comentou, logo retirando uma guloseima do saquinho e degustando. Em seguida, olhou pela janela e percebeu que o trem estava começando a partir.


Após a conclusão do trajeto, deixaram o local.

A diretora da Lufa-Lufa se preparava para acompanhar as crianças Phoenix rumo ao Expresso de Hogwarts, junto com Brunna e Willy. Felizmente, a família possuía os três adultos para ficar de olho nos jovens, que eram muitos e gostavam de aprontar. Desde o seu retorno de terras francesas, Sigrid havia ficado próxima dos mais novos, e, principalmente após a vitória na Maratona Mágica, ganhou o interessante status de tia do rolê. Era quase como se ela fosse uma atração, e os alunos gostavam de enchê-la de perguntas sobre a França, seus planos para Hogwarts e, é claro, a Maratona. — Vamos logo, pequenos. Todos aqui têm hora, ou vamos perder o trem! E eu não quero ter que usar um dragão como transporte novamente... — A brincadeira sobre a competição prendeu a atenção dos estudantes, que logo rumaram com ela para a sala de estar, onde os outros funcionários da escola aguardavam. Os pais também estavam presentes e assim começou a etapa de despedidas, que durou alguns minutos. Como não tinha filhos, e aliás veria todos os menores durante os meses em Hogwarts, Sigrid apenas assistiu à cena. — Agora é sério, temos que ir já! — Talvez estivesse soando como uma adulta chata, porém ela estava ansiosa para retornar à antiga escola; e, de fato, eles não tinham muito tempo.


O bom de não terem novatos entre os Phoenix é que todos já sabiam exatamente aonde deviam se dirigir, e, portanto, em poucos minutos os adolescentes estavam acomodados nos vagões de suas casas. Assim, depois de guardar sua bagagem e ajudar seus familiares naquela tarefa, Sigrid seguiu com Willy até próximo ao vagão dos professores, onde ela resolveu ficar. Sabia que existia um outro, reservado aos diretores das casas, mas talvez ficando ali ela pudesse interagir com seus novos colegas de trabalho. Abriu uma cabine que julgou estar vazia, e onde esperava que outros docentes pudessem entrar em breve, porém se surpreendeu ao dar de cara com uma mulher de cabelos castanhos no local, sozinha. Coçou atrás da orelha, como fazia quando não sabia qual seria o seu próximo passo, e após levar uma encarada da outra professora ela resolveu abrir a boca. — Olá! Não sabia que estava aqui, ou não teria incomodado. Se preferir ficar sozinha é só me avisar. Será como se eu nem tivesse aparecido aqui. — Falou, preocupando-se com as intenções da mulher morena. Afinal, era Sigrid quem queria companhia, e a docente que ocupava a cabine não tinha nada a ver com isso. — A propósito, me chamo Sigrid Phoenix. É um prazer conhecê-la... senhorita? — Cale a boca agora mesmo se não quiser passar uma péssima primeira impressão, uma voz ecoou em sua cabeça. 

Resolveu atender ao pedido, e ficou parada de pé diante da cabine, quase caindo ao sentir o primeiro solavanco que indicava a movimentação do Expresso de Hogwarts. A loira torceu para que a professora não tivesse percebido aquele vacilo. Para a sorte de Sigrid, a mulher não se opôs à entrada de mais uma pessoa na cabine até então solitária. A diretora da Lufa-Lufa apenas ficou desconfiada por conta do sorriso da professora, que se apresentou como Aspen Roosevelt. Como não a conhecia, a loira ficou pensando se o sorriso era mera receptividade ou se era sobre a quase queda com a repentina saída do trem rumo à estação de Hogsmeade. Mas bem, a professora de Transfiguração entrou na cabine e se acomodou diante de Aspen, notando que a mesma segurava um exemplar do Profeta Diário. Novamente, a loira ponderou se deveria deixar a mulher em paz ou se não haveria nenhum incômodo em conversar. — Algo de interessante aí? Confesso não ter tido muito tempo para acompanhar as notícias mais recentes. — Tentou puxar assunto, e a partir da reação da mulher à sua frente ela decidiria se conversaria aleatoriedades ou se o melhor era ficar calada e deixar a Roosevelt quieta em seu canto. Apesar de que seria bem decepcionante se a segunda opção se confirmasse, porque as horas de viagem que tinha pela frente seriam um tormento para Sigrid, se ela não tivesse uma boa forma de passar o tempo.

OFF: citação geral dos Phoenix envolvidos no retorno à escola; interagindo com Aspen Cox Roosevelt.

Possibly Friends;

Aspen estava preparada para um novo letivo. Estava não só pronta como também animada para retornar e encontrar seus alunos. A mulher descobriu em si uma grande paixão, que era lecionar. Gostava da ideia de transmitir conhecimento, de pode passar um pouco do que sabia para os demais. Mas, principalmente, Aspen gostava de estar perto da sua irmã mais nova enquanto realizava o seu trabalho. O fato de Zora ser uma aluna da escola mudava todo o contexto, fazia a mulher se sentir responsável pela irmã caçula, como parente e professora. — Nos vemos no desembarque? — perguntou à menor, enquanto passeavam por entre o corredor do Expresso. Aspen ajudava a sua irmã mais nova com as malas, e a guiou até o vagão da Sonserina. Dentro do local, Zora se acomodou próxima de Scott, garoto que Aspen conhecia muito bem por ser irmão de um dos seus melhores amigos. Aquele fato a fez pensar na ausência do professor Arthur para aquele ano, algo que a deixava tristonha. — Olá, Scott. Muito bom revê-lo. — disparou ao amigo de Zora, enquanto auxiliava a sua irmã a guardar as malas no compartimento. — Se cuidem, qualquer coisa estarei no vagão dos professores. — afirmou, lançando um olhar intimidador para Scott, como um recado para que o garoto cuidasse da sua caçula.

Após acomodar a sua irmã no vagão da Sonserina, Aspen retornou ao corredor e começou a trilhar os passos em direção ao vagão dos professores, local que sentia mais à vontade. Assim que chegou ao local, segurando apenas uma mala em mãos, Aspen adentrou em uma das cabines. O curioso era que a docente achava aquele trem muito confortavel, diferente de muitos outros que já fez uso. A mulher, então, retirou um exemplar do Profeta Diário de dentro da sua mala e, logo depois, a colocou no compartimento. Não demorou a se sentar, aproveitando o silêncio da cabine para iniciar uma leitura informativa. Entretanto, antes mesmo de se aprofundar nas notícias, Aspen estranhamente escutou uma voz feminina. Assim que levantou sua visão para encarar quem havia adentrado à cabine, avistou uma mulher loira muito bonita. — Olá!! Ah, não, não se preocupe. É preciso muito mais para me incomodar. Fique à vontade! — disparou, de forma cômica, apenas tentando evitar qualquer constrangimento com a possível colega. Aspen não voltou à leitura, já que poderia parecer falta de educação, então se dedicou a se apresentar para a loira, logo após ouvi-la. — Aspen… Aspen Roosevelt. Satisfação, Sigrid. — disse, com meio sorriso no rosto, notando que o trem começava a se movimentar.

— Por favor, pode ficar à vontade. — falou novamente, aguardando a outra se acomodar na cabine. A mulher parecia ser boa de papo, ou talvez fosse apenas curiosidade mesmo em saber o que tinha de interessante no Profeta Diário. Foi então que Aspen se deu conta de que ainda estava com o jornal em suas mãos. — Ah, eu procuro me manter atualizada, mas confesso que nem sempre isso é possível. Como a correria do dia a dia, acabo deixando isso para o segundo plano. — comentou, olhando para a mulher já acomodada por perto. — Mas em uma viagem longa como essa, é bom ter algo para passar o tempo, e o Profeta Diário parece uma boa. — comentou, despretensiosamente. — Inclusive, estava começando a ler sobre a A Maratona Mágica, que parece ter agitado o verão e lotado uma ilha. — Aspen voltou a olhar para o exemplar em mãos e ficou a imagem de duas mulheres, sendo ambas ganhadoras da competição. — Espera… — olhou para a foto em movimento no jornal e voltou a fitar o rosto da companheira de viagem. — É você? — perguntou, não encontrando possibilidade de ser outra pessoa. Contudo, antes de receber uma confirmação, as luzes do trem começaram a piscar, momento que a mulher começou a ouvir gritos ao longe, provavelmente vindos dos alunos novatos…

Aparentemente as preocupações que Sigrid sentiu eram desnecessárias, porque a mulher à sua frente se mostrou muito simpática, além de não fazer oposição à presença da loira na cabine. Isso serviu para a lufana se sentir mais relaxada na poltrona, como também para que se interessasse mais em conhecer um pouco sobre a sua companheira de viagem. Com a locomotiva em movimento, Aspen externou seu apreço pelo jornal que ainda segurava, justificando aquilo a partir do interesse que possuía em se manter bem informada. Mas logo confessou não ter tempo para aquelas leituras nos dias mais agitados, o que provavelmente incluiria os meses de trabalho em Hogwarts. — Acho que sou menos antenada com as notícias do que você. Mas sim, é bom nos mantermos informados. Especialmente nos últimos tempos. — Comentou com um longo suspiro, fazendo referência à chuva de acontecimentos relevantes na Grã-Bretanha nos últimos tempos. Deu uma rápida vislumbrada nas paisagens campesinas que a janela da cabine exibia, voltando a prestar atenção na mulher de cabelos castanhos ao ouvir sua voz. Ela mencionava a Maratona Mágica da qual Sigrid havia participado, porém a loira se fez de sonsa num primeiro momento. — Mesmo? Ouvi falar que foi um evento grande sim, e deve ter sido empolgante. Quer dizer, fiquei sabendo que os participantes enfrentaram criaturas bem bizarras. — Pontuou. Ela queria ver a reação de Aspen ao saber daquela informação curiosa pelo Profeta Diário, e não pela própria ex-maratonista. Fez silêncio, enquanto observava a Roosevelt avançar pela matéria do jornal, esperando para que ela ligasse os pontos quando visse uma entrevista cedida tanto pela loira como por sua dupla, Naomi. Por não ter lido a edição a diretora lufana não sabia se aquilo demoraria, mas a resposta veio logo em seguida. 

Ela reprimiu a vontade de rir enquanto via Aspen reconhecer na loira a mesma mulher do jornal, porém quando ia explicar a coincidência foi interrompida pelas circunstâncias. O Expresso de Hogwarts parou sem motivo aparente, o que por si só já era preocupante, e como se não fosse suficiente, as luzes do trem não paravam de piscar. Quando elas apagaram de vez, foi possível ouvir gritos vindos dos estudantes e o instinto de Sigrid a fez levantar de um salto, pronta para verificar o que estava acontecendo. — Lumus! — Murmurou ao sacar a varinha, fazendo o objeto emitir uma luz azul que serviu para melhor iluminar a cabine. A última vez que tinha usado aquele feitiço numa situação de perigo iminente foi na Maratona, e a lembrança das criaturas enfrentadas no escuro não lhe ajudava nada. Mesmo assim, estava decidida a sair da cabine, sozinha ou não, mas quando pôs a mão na porta para a abrir ela acabou vendo a janela de relance, e junto com ela a criatura que causava aquele mal estar generalizado. A imagem do dementador fez a loira ficar paralisada, com os olhos arregalados. Ela sentia frio, muito frio, e não conseguiu ter mais reações além disso e das suas mãos, agora, trêmulas. Vozes ecoavam em sua cabeça, numa discussão longa e que acabava em agressões físicas contra uma Sigrid um pouco mais jovem. Sem tempo de assimilar, a cena se revezava com a etapa dos anjos de pedra enfrentados na Maratona Mágica, mas ali não havia a fuga, e sim apenas a parte na qual as estátuas assustavam e machucavam a lufana e a coreana que lhe acompanhava na empreitada. 

No plano real, a diretora se agachou, colada na porta, e cerrou os olhos a fim de interromper o contato visual com o dementador. Fez esforço para lembrar que todas as memórias ruins eram apenas memórias, e tentava mentalizar as coisas boas que havia vivido. Mas só conseguiu abrir os olhos ao sentir que o clima ficou mais leve, e também por ter escutado Aspen lhe dirigir a palavra. Se deu conta de que sua varinha, que ainda produzia luz, estava caída no chão, e a outra funcionária da escola havia saído de seu assento e se encontrava bem diante de Sigrid. Sentindo-se bastante envergonhada, ela pegou a varinha e desfez o feitiço, posteriormente se erguendo do piso. Sentir o trem em movimento poderia ter sido reconfortante, pois queria dizer que as coisas realmente já haviam se ajeitado, mas a combinação entre velocidade e a indisposição da qual a loira se recuperava não a deixava se recuperar por completo. Sorte que Aspen, mesmo em silêncio, ajudou a mulher para que ela retornasse à sua poltrona. E não só isso, porque logo a colega buscou algo na mala que havia trazido e tirou de lá uma barrinha de chocolate, não hesitando em oferecer o doce à Sigrid. — Obrigada por isso, Aspen. — Falou a loira, depois de um longo tempo em silêncio. — E desculpe o inconveniente. Eles me afetam bastante. — Completou, mordendo um pedaço do chocolate, que em pouco tempo foi consumido. Sua companheira de cabine não insistiu no assunto e, na verdade, retomou a conversa sobre a Maratona Mágica, ao que Sigrid finalmente lhe confirmou a participação. — Parece que você me descobriu! Sou eu sim, em carne, osso e algumas cicatrizes. — Brincou, sorrindo da surpresa de Aspen. 

Ela não podia julgar, afinal, os professores de Hogwarts costumavam ser sérios e muito sensatos, de modo que não era sempre que uma pessoa desequilibrada, a ponto de ter participado de algo que podia ter causado a sua morte num piscar de olhos, integrava o quadro de docentes. — Olha, eu não me arrependo. Se pudesse voltar ao passado, me inscreveria da mesma forma. Mas quanto ao futuro, está totalmente fora dos meus planos participar numa próxima edição. — Respondeu, quando indagada sobre sua postura cautelosa na entrevista, que passava essa impressão de que ela não teria feito parte do evento se pudesse voltar atrás. A noite já havia se mostrado presente com a escuridão lá fora, porém Sigrid sequer tinha percebido. A conversa com Aspen e o episódio do dementador haviam feito o tempo passar muito rápido, de modo que logo foi possível reconhecer as luzes do vilarejo de Hogsmeade. — Mas já? Nossa, passou tão rápido! — Exclamou ao visualizar a estação, sentindo a locomotiva diminuir a velocidade até parar por completo, decretando o fim da viagem. A mulher se levantou da poltrona reclinável e após alguns breves alongamentos, por ocasião das várias horas sentada, a loira se dirigiu à Aspen. — Você já vem? Preciso ajudar a organizar a fila da Lufa-Lufa. Aliás, não comentei, mas ficarei responsável pela direção da casa nesse letivo! — Disse com entusiasmo, esperando para que a colega a acompanhasse até a saída do Expresso de Hogwarts.

Possibly Friends;

Sigrid havia dito que era menos antenada nas notícias, algo que fez Aspen se orgulhar de si mesma por se considerar alguém informada. Olhou pela jenela rapidamente, encontrando uma linda paisagem, e então voltou a fitar o rosto da mulher, que agora reagia às palavras de Aspen acerca da Maratona. Entretanto, à medida que Aspen avançou na notícias, observando a imagem da loira no exemplar, o silêncio tomou conta do local. A docente não demorou a reconhecer a fotografia da outra no jornal, razão pela qual ficou um tanto quanto assustada e logo perguntou se aquela era realmente a Sigrid. Naquele mesmo instante, o trem parou de se movimentar e a luzes começaram a piscar, então não deu tempo a outra professora confirmar se fotografia era realmente dela.

Os gritos vindos do corredor aparentemente eram dos alunos, especialmente os novatos, que não sabiam exatamente o que estava acontecendo. No ímpeto, Sigrid se levantou e apalpou a sua própria varinha, algo que fez Aspen repetir o movimento. A luz que Sigrid produziu em sua varinha era suficiente para iluminar toda a cabine, mas, ainda assim, Aspen decidiu fazer o mesmo. — Lumus! — proferiu, fazendo surgir um feixe de luz na ponta da varinha. Aspen ficou sentada, com a varinha em punho e com os olhos observado as reações da outra docente. Sigrid estava paralisada, com os olhos arregalados, motivo que fez Aspen indagar. — O que está acontecendo? — era uma pergunta retórica, já que provavelmente a mulher também não sabia.

Ao menos era o que a Roosevelt acreditava.

Aparentemente Sigrid avistou o dementador primeiro do que Aspen, e quando esta segunda colocou os olhos da criatura, ficou igualmente paralisada. O clima ficou gélido, os vidros da cabine ficaram embaçadas, e justamente por isso que Aspen colocou uma de suas mãos dentro do bolso, apenas para amenizar o frio. No entanto, a outra mão deveria ainda segurar a varinha, principalmente porque o Dementador agora iniciou uma batalha com a outra docente, sugando as suas lembranças. A professora não suportou apenas assistir a cena, e então se levantou e se colocou numa posição mais ativa, isso logo depois de ver que a Sigrid havia agachado. A Roosevelt precisava agir rapidamente, e foi então que apontou a varinha em direção a criatura e resgatou da memória a sua melhor lembrança.

Aspen se concentrou o suficiente, lembrando da época em que passava as férias com a família na casa de praia, em Tinworth. No entanto, se recordava especificamente de um momento feliz. — Expecto Patronum! — proferiu com firmeza, repelindo o Dementador rapidamente e estando com a respiração ofegante logo em cima. O feitiço era complexo, e por isso exigia mais psíquico e fisicamente. Ligeiramente, se aproximou da docente ao chão e a ajudou a se recompor, colocando-a novamente na poltrona. Em seguida, Aspen retirou rapidamente a sua mala do compartimento e, de lá de dentro, trouxe um chocolate, o qual ofereceu para a mulher. — Coma isso, por favor. Vai te ajudar a se sentir melhor. — disparou, ouvindo-a agradecer seguidamente. Aspen gostava de ouvir as pessoas, nos melhores ou nos piores momentos.

Por isso, ouviu atentamente o que Sigrid dizia, não deixando de rir sobre o tê-la descoberto. — Não se preocupe com isso, o importante é que você está bem, e eu te descobri! — brincou, logo após escutar que a outra docente possivelmente havia ganhado cicatrizes na competição. — Como foi a experiência? — perguntou, em seguida, agora passando a ouvir a professora falar que não se arrependia da inscrição, mas que futuramente não voltaria a participar. Aspen, como boa ouvinte, ficou atenta às palavras de Sigrid, ao passo que sentia o trem se movimentar. Por vezes, olhava a paisagem pela janela e reconhecia o trajeto que o Expresso estava fazendo rumo a Hogwarts. — Eu acho que não estaria preparada para um desafio como esse. — falou distraidamente, mas tenho a certeza de que não encararia uma maratona com essa. [...]

A conversa com Sigrid foi tão agradável que Aspen nem viu o tempo passar. Quando se deu conta, já estava sentindo o trem reduzir a velocidade. Além disso, conhecia reconhecer o ambiente ao olhar por entre a janela. — Nem senti a viagem. — comentou brevemente, enquanto se levantava e retirava a sua mala do compartimento. Assentiu a cabeça para a docente, que se revelou Diretora da Lufa-Lufa. — Nossa, que legal!! Acho que deve ser uma grande responsabilidade, não é? — indagou, no instante em que se colocava para fora da cabine, com a intenção de acompanhá-la até a saída do Expresso