Velhos amigos são os melhores!

A vida social de Ben basicamente ficara de lado depois que ele começou a trabalhar no hospital St. Mungus como herbologista. Passava grande parte do tempo fazendo plantões e quase vivia no hospital, pesquisando sobre a herbologia ou simplesmente cuidando de casos que surgiam. Gostava muito de realizar seu trabalho, pois havia sonhado com aquilo desde criança e era aquilo que queria fazer para o resto da vida. Num dos dias em que estava de plantão, recebeu uma carta de May Snow, uma amiga que ele havia conhecido fazia muitos anos. Porém, não se encontravam muito, devido ao grande ritmo de trabalho de ambos. A carta o convidava para ir até a casa de May dali alguns dias, simplesmente para tomar um chá da tarde e conversar um pouco. Ben não tardou em responder, falando que iria sim de qualquer forma.

[...] Quando o dia finalmente chegou, ele vestiu-se igual a um trouxa se vestiria, com uma calça jeans e uma camiseta estampada. Saiu de casa carregando apenas a varinha e uma caixa de doces, pois não gostava de chegar na casa dos outros sem nada em mãos. Aparatou num beco perto da residência da família e caminhou até lá calmamente. Assim que chegou, bateu levemente na porta e ouviu os passos abafados de alguém vindo atender a porta. Era May, que estava vestida com um vestido florido, muito bonita e simples para a ocasião. – Olá Maryse! – Deu um largo sorriso ao vê-la se curvar, sentia saudades daquele senso de humor leve da amiga. A casa era bonita e arrumada, exalando felicidade assim como sua moradora. Caminharam até a cozinha e ele inalou o cheiro bom que saia dos biscoitos e dos bolos recém-assados. – Uau, o cheiro está muito bom. Como sempre, você arrasa na cozinha! – Deu um sorriso e puxou uma cadeira, se sentando confortavelmente.

– Verdade... Acho que faz uns 6 meses. Aconteceu tanta coisa em seguida da outra que nem conseguimos nos encontrar como fazíamos antigamente. E ah, eu trouxe essa caixa de docinhos. Eles devem estar deliciosos, pois não foi eu quem fiz. – May riu e ele riu junto, lembrando-se da época que conversavam durante horas com a amiga. – E a sua ajuda no hospital foi muito bem recebida pela diretoria. Eu e Rhea a apresentamos e o seu elixir está sendo utilizado até hoje contra a gripe do Seminviso e algumas outras doenças novas. – Aquela era uma coisa realmente boa, pois Ben sabia como May havia se esforçado para criar aquele elixir. – Mas o que você fez nesse meio tempo? Eu trabalhei bastante, estou criando algumas pesquisas sobre plantas mágicas aliadas a medibruxaria e provavelmente eu as lance para análise do conselho. – Findou sua fala, observando-a.

Chá da tarde com May!

Ben sorriu ao ouvir que May havia realmente gostado de ajudar, e sabia também que aquela era um grande impulso na carreira da mulher. A conhecia muito bem, apesar de não ser tão próximo quanto gostaria. — Sério? Isso é incrível! O elixir salvou muitas vidas e ajudou sua carreira. Que invenção incrível! — Riu junto de May ao falar aquilo, pois o elixir ajudara muito. Era realmente muito bom tirar uma tarde apenas para conversar, pois eles podiam colocar todo o assunto em dia. Quando May citou o Ministério da Magia, Ben lembrou-se de seu primo que havia sido eleito o ministro da magia no lugar de Finn Herondale. — Ah sim. A Grã-Bretanha (espero eu) vai acalmar os ânimos e o Ministério da Magia também, já que Steve tomou o lugar de Ogden depois de passar um período como secretário do atual assessor dele. Ele trabalhou desde muito antes da briga Ogden, e sempre ficou com esses cargos altos. Acho que ser ministro da magia foi um tipo de honra. — Ben realmente achava que o futuro seria promissor com o primo no cargo, pois ele foi durante muito tempo um bom secretário. E segundo as notícias, o período desde que ele assumiu o cargo estava sendo de estabilidade, o que significava um bom sinal.

— Bom, na verdade o clima está bem mais calmo. A nova diretoria aumentou o quadro de medibruxos, e talvez tenha ficado um pouco mais tranquilo de trabalhar. Mas, como eu digo, doenças e machucados surgem até em feriados. — Sorriu e logo voltou a falar. — Mas ainda assim existe bastante trabalho a fazer, acredito que tudo já tenha voltado para os eixos e o Mungus também. E como anda suas pesquisas? — May explicou que estava trabalhando no ramo das transformações de metal, que segundo ela, era um complexo ramo da Alquimia muito importante. — Espero que essa ida ao América ajude as suas pesquisas. Talvez, quando você voltar, provavelmente já vai ter terminado tudo. — Não queria que May viajasse novamente, mas não havia jeito. Sabia que aquela era uma oportunidade e tanto, mas os afastaria novamente por um tempo indeterminado. Sorriu ao ver que ela estava muito esperançosa quanto às pesquisas dele. — Ainda estou no processo da coleta de dados, então acho que pode demorar um pouco. Mas quem sabe o tempo não esteja ao meu favor? Ou melhor, ao nosso favor? — Riu ao falar aquilo, observando-a a servir um pedaço de bolo apetitoso. Pegou o bule de chá e colocou-o um pouco em sua xícara, misturando com uma colher de açúcar. Bebeu o líquido e se voltou para ela.

Ao ouvir a ideia de May, Ben sorriu com simpatia e respondeu. — Com toda a certeza! Existem alguns lugares muito bons para passear por Londres... Os parques e as galerias são realmente um máximo. Mas nesse ritmo de trabalho fica difícil passear... — Ben sabia que trabalhar como medibruxo era difícil, mas ainda assim gostava do que fazia. Quando falou aquilo, uma pergunta surgiu em sua mente, por isso ele resolveu perguntar. — E quando você vai ir para os Estados Unidos? Vai ficar quanto tempo lá? — Perguntou e esperou a resposta, estava bastante curioso sobre como aquilo iria acontecer. — Ah, então não é muito tempo. Espero que passe rápido. — Mordeu um pedaço do bolo, que estava no ponto em que gostava: Úmido e bem-assado. — Nossa, o bolo está muito bom. Queria eu ter essa habilidade para cozinhar. — Sorriu e bebericou seu chá, voltando-se para ela. — E ainda falando sobre a viajem, você quem recebeu o convite, ou simplesmente decidiu ir até os Estados Unidos estudar por conta própria? — Não conhecia basicamente nada do continente americano, mas sabia que era muito maior que a Europa. Apenas ouvia falar de algumas coisas que Steven dizia sobre o MACUSA, já que apesar de ser ministro da magia britânico, precisava estar ligado com as relações internacionais.

Chá da tarde com May!

May explicou que iria para os Estados Unidos graças à um amigo que havia conhecido por cartas, que também era alquimista. Ou seja, ambos trabalhavam no mesmo ramo, algo que os ligava. – Ah, que interessante. – Comentou entre os comentários de May, que explicava tudo o que a levava para a América. A mulher também tinha familiares no continente, algo que era totalmente novo para Ben. – Você já foi para lá? Quero dizer, para os Estados Unidos. – Ben estava muito interessado, pois nunca havia saído da Europa. Já fora para a França, graças ao seu trabalho como medibruxo, e passeou pelas famosas galerias de Paris. Aquela fora a única vez que saiu da Inglaterra, um momento que gostara e aproveitara muito. Ele sorriu com o comentário de May, não sabendo muito bem o que responder. Talvez pudesse ser considerado como algo indevido, mas ele não ligou. Eram apenas amigos conversando, que tinham coisas em comum. – Essa realmente seria uma boa experiência. – Bebeu outro gole do seu chá e deu uma garfada no bolo, comendo outro pedaço. Já estava ficando satisfeito, mas gostou muito do bolo. Quando May citou seu laboratório, lugar em que realizava seus experimentos alquímicos, ele olhou-a, curioso para saber como seria. Engoliu o pedaço de bolo que estava mastigando e sorriu. – Claro! Seria uma ótima ideia. – Terminou de beber seu chá e de comer seu bolo, se levantando logo depois de May. Passaram um bom tempo conversando, algo divertido e saudável. Juntou o prato e a xícara que havia utilizado e que estava sujas e deixou-as ali sobre a mesa, pois não gostava de bagunça sobre o lugar. Quando May seguiu para o laboratório, ele a acompanhou, saindo da cozinha.

Não era nem o horário de almoço e Gaia não aguentava mais o dia. O choque e carga emocional estavam afetando seu corpo, ela sentia tontura todo o caminho de volta para a casa de Charles. Aceitou a sua ajuda depois de notar que não conseguiria ir a lugar algum sozinha, pois ainda estava chateada com ele. Para começo de conversa tudo tinha iniciado exatamente com ele. Claro que analisando friamente a situação, houve um descontrole por parte da mulher. Sua reação excessiva levou a medidas extremas. Não havia caminho de volta ou atalhos, ela bem sabia disso. Agora na cozinha ela sentou e esperou a tontura passar, visto não ter comido nada ainda estava zonza. Gaia sentiu novamente vontade de chorar, aquela cozinha e casa eram bem familiares para ela. Afinal, fazia cinco anos desde quando eles assumiram um namoro sério. Era tempo demais na opinião dela, assim como sentia que tinham mais brigas que momentos felizes. Sentia-se culpada, pois poderia parecer desinteressante ou deixado cair tudo na rotina. Um relacionamento por comodidade era o pior de seus pesadelos.

– Preciso comer alguma coisa! – Alertou o homem. Charles começou a fazer um chá, era bom até para ela ficar com os ânimos calmo, pois querendo ou não deveriam falar sobre ele. O que aconteceu com Jeremy foi lamentável, mas ainda havia mais problemas para serem solucionados. Olhou para Charles com os olhos cheios de água novamente, as brigas a deixavam destruída e com ele eram as piores. Seu emocional não ficava nada bem, sentia que estava perdendo o chão. – Sim, não podemos continuar assim! – Ela repetiu com pouca força na sua voz. O que mais poderia ser falado? – Eu nem sei se consigo pensar direito agora, aconteceu tanta coisa ruim. – Começou, no fundo ela só queria um abraço longo e apertado, pois um era refúgio do outro. – Odeio brigar... – Falou baixando o olhar.

Charles a Ajudou colocando um pedaço de bolo e um pouco de chá. Ela agradeceu com a voz quase inaudível, resignando-se a baixar a cabeça e comer do bolo. Sentiu sua energia voltar e com algumas garrafas comeu metade do pedaço, nem ela mais conseguia se controlar. Parou, ainda trêmula sentindo o corpo reagir com a entrada de alimento. Bebericou um pouco do chá quente e só assim olhou para Charles novamente. Esse, mais calmo, começou a falar sobre eles conversarem com mais calma. Ela se sentia mais calma e sabia que precisavam ser sinceros um com o outro. – Tudo bem, precisamos mesmo conversar! – O assunto era a festa que ela viu no jornal. Tentou ser forte e não chorar, também estava decidida a ouvir e não bater mais nele. Seu arrependimento era muito, não deveria ter deixado sua raiva falar mais alto. No entanto, não tinha muito o que fazer, depois ela iria pedir desculpas.

Assim Charles explicou a história desde o começo, com ele indo para uma reunião de docente, ou imaginava que era apenas isso. As coisas saíram do controle dele, pensou estar agindo de uma forma que nenhuma parte fosse prejudicada. Gaia ouviu e baixou a cabeça, ainda estava chateada por ver ele com mulheres de biquíni. Seu ciúme, insegurança e paranóias se uniam nesses momentos, por mais que o amasse sentia que também podia o perder. Talvez fosse a presença tão marcante dos Cowen na Inglaterra, a família dela lembrava coisas ruins e a deixavam mais tensa. Mais calma ela conseguia entender o ponto de vista de Charles, naqueles anos de namoro nunca houve nada como traição, ou mesmo suspeita disso. Gaia só começou a pensar nisso por medo, visto estarem tanto tempo junto e não ser mais uma mocinha. Vendo homens mais velhos trocarem suas esposas por meninas novas, ela acompanhava isso diariamente como lojista. Seus olhos nadaram em lágrimas ao ouvir ele falar que amava ela. Abriu os braços e se jogou contra ele, naquela vez não era um ataque e sim uma necessidade de abraçar ele.

Chorou, estava fragilizada com o dia todo, mas também aliviada em estar com ele. – Eu te amo! – Ela falou de maneira baixa, sua voz ainda engasgada. Recebeu o carinho e afeto dele, se encaixando perfeitamente em seu abraço. – Sinto muito por hoje mais cedo, não deveria ter agido como um animal! – Ela pediu perdão, com sua voz baixa e olhos fechados. Como se pudesse esquecer todo o dia. – Eu nem sei o que pensar mais! – Falou por fim. Limpou o rosto mais calma, sugeriu que eles ficassem quietos por um tempo. Ela terminou de tomar o chá e voltaram para o quarto, Gaia só queria dormir um pouco, de preferência nos braços dele.