Estava sentindo aquela vontade de comer coisas malucas, coisas que nem em sã consciência provaria... antes. Agora estava e comendo na ilha no centro da cozinha um pequeno prato com melancia, sorvete e pasta de amendoin, três coisas ate que normais, mas juntas? Se nao tivesse com tanta vontade de comer vomitaria. Em menos de tres minutos ja estava na metade e eu estava com um lenço e agua, meus enjoos diminuirão agora que estou com oito meses, mas ainda acontece e a agua me refresca e ajuda a segurar ate o banheiro. [...] Eu limpei as mãos e lavei o prato, bebi um gole da água e despejei o restante na pia, colocando o copo sobre o mármore frio - Satisfeitos? - murmurei para minha barriga rindo do que comi. Logo me apressei e fui para meu quarto, apressei claro no modo figurado, eu estava mais lenta que uma lesma portanto era bom me arrumar agora, Steph ia comigo fazer umas compras e eu estava quase na hora de sair, iria pela rede de flú ja que odeio aparatar, ainda mais agora com esse peso na barriga. Ansiosa saio da cozinha.

Chegando na cozinha, verifiquei que já passava das sete da noite e, mesmo assim, nada de Jennifer aparecer pela casa. — Será que aconteceu alguma coisa? — Fiquei me perguntando, sem conseguir evitar uma pontada de preocupação. Entretanto, bastou eu respirar fundo e pensar com mais calma para me convencer de que com certeza ela devia ter tido alguma pendência de última hora para resolver, pois trabalhar com mídias podia ser bastante agitado a depender do dia. Ainda mais no caso dela, como a editora-chefe. — É isso, se controle. Logo ela vai chegar! — Falei comigo mesmo, como um lembrete para a minha própria consciência, já que ela andava tentando me sabotar de forma mais frequente desde o ano passado. Tão logo, lembrei-me que meu objetivo ao ter vindo para a cozinha foi procurar algo para comer, e assim o fiz. Então, abri o armário de mantimentos e encontrei alguns ingredientes que imediatamente me deram uma ideia de receita. Eu gostava de cozinhar, apesar de não ter, normalmente, muito tempo para fazer aquela atividade, o que não era o caso naquela noite. Por isso, não hesitei em fazer a seleção das substâncias que eu iria utilizar, assim como aproveitei para separar os utensílios que usaria ao fogo. Mas é claro que, como o bom bruxo que eu era, algumas etapas contariam com feitiços, pois eu não me considerava tão habilidoso quanto alguns trouxas, que conseguiam fazer verdadeiras delícias sem nenhuma gota de magia sequer.

O prato era pra ser algo simples e apenas para um lanche antes do jantar, já que eu não sabia ao certo que horas Jenn iria conseguir voltar para casa. Porém, acabei levando mais tempo do que estava planejando inicialmente, de modo que apenas depois de instantes consideráveis, já que ainda tive que fazer a massa, foi que consegui alcançar o resultado final: uma porção fresca e quentinha de oládis, uma receita típica do meu país natal, a Rússia, que era muito semelhante às tradicionais panquecas de países do ocidente. Curiosamente, enquanto limpava a bagunça que eu mesmo havia causado no cômodo da casa, ouvi um estalo típico de aparatação e desaparatação ali próximo, e ao olhar para a sala de estar eu sorri ao encontrar o olhar de Jennifer. Ela aparentava estar tão cansada como eu mesmo, quando tinha retornado do Mungus há algumas horas, mas mesmo assim ela não perdeu a oportunidade de me alfinetar por sujar a sua cozinha. — Boa noite para você também, senhora Rousseal. — Brinquei com a ruiva, soprando-lhe um beijo a distância. — Vá se trocar e deixe que eu cuido disso. Como, aliás, eu já estou fazendo! — Tratei de a tranquilizar, mantendo o sorriso em meu rosto. Assim sendo, ela subiu para o primeiro andar e eu continuei ali, limpando o local. Posteriormente, nós dois jantamos e conversamos sobre o dia em nossos trabalhos e, depois de aquele jantar russo improvisado, ambos seguimos para a nossa suíte.