Nesses últimos dias, eu estava ansioso para lecionar em Hogwarts. Tinha feito todos os preparativos possíveis para a melhor acolhida dos meus alunos, já que nesse ano eu seria o diretor da Corvinal. Também estava feliz por poder ajudar nossa família financeiramente, sei que o orçamento estava apertado, por isso não podíamos extrapolar em gastos. Felizmente May havia conseguido um emprego de Alquimista numa pequena empresa bruxa, podendo assim reerguer nossa família. Acompanhado dela e de meus dois primos Bem e Karina, peguei os tickets da viagem dum bolso e fiquei com eles na mão, pronto para passar pela parede. May fez a mesma pergunta mais uma vez, estava preocupada com nossos primos e também triste por vê-los partir. – Eles estão bem, voltamos daqui alguns meses para o Natal e nos reencontraremos. Sei o quanto era difícil para minha irmã ficar sozinha em casa, a morte de nosso pai deixou profunda marcas em nós dois, mas principalmente nela, que era muito apegada. Nossa mãe havia se mudado para a casa de campo dos Crawford, um pequeno chalé que estava abandonado fazia anos, buscando pela paz. Por isso nas épocas de começo de ano May tenta aproveitar o máximo de cada um de nós. – Prontos? Falei olhando-os, quando concordaram olhei para os lados a procura de trouxas, mas felizmente ninguém estava olhando. – Vão! Mandei-os ir, mas May havia os chamado antes. Entregou pequenos saquinhos marrons a eles, ela vinha guardando aquele dinheiro fazia tempo para dar a eles quando fossem a Hogwarts. – Já está na hora! Falei apressando-a. Depois de todos entrarem na plataforma, entrei carregando as malas e me juntei a eles novamente.

May deu um abraço forte nos primos, explicando como tudo em Hogwarts funcionaria, dando dicas e etc. – Ok ok, escrevo a você a cada quinze dias, feito? Sorri a abracei minha irmã, que estava com os olhos marejados. – Quando você ver nós já estaremos lá em casa novamente! É apenas uma questão de tempo, por isso não derrame suas lágrimas por isso! Sorri bondosamente e abracei-a novamente. – Fique bem! Desfiz o abraço e deixei-a abraçar e beijar nossos primos novamente, logo me juntando a eles. Acenei para May e entrei no trem com os dois, entregando os bilhetes ao recepcionista. Olhei para Ben e Karina, mostrando onde era o vagão de cada um. – Mas antes...! Os dois me olharam. – Fico muito orgulhoso de vocês dois. Puxei-os para um abraço, eu normalmente não era muito sentimental, mas o que eu sentia era verdadeiro. Depois deles saírem, caminhei até o vagão da Corvinal, eu seria o novo diretor da casa e precisava me apresentar.

Off: Interação com a família: Ben, Karina e May.

Despedidas, blé!

Odiava aquelas despedidas. Não só porque odiava a superproteção de minha mãe, que sempre choramingava por não passar muito tempo comigo, como porque meus pais faziam o teatrinho de família feliz quando estávamos na plataforma de embarque para Hogwarts. E nós com certeza não éramos uma família feliz, nem mesmo uma família éramos direito.
Desde que meus pais se separaram, eu moro com meu pai. E meu irmão mora com a mamãe. Nas férias, nós dividimos e alguns dias ficamos com ela e alguns dias com ele. É uma bagunça sem tamanho, especialmente porque meu pai sempre inventava uma desculpa para ficar com a gente somente o mínimo possível – ou seja, somente o tempo que ele era obrigado pela justiça. No fim de tudo, eu era jogado às traças por ter ficado com ele, enquanto Klaus tinha tudo de bom porque ficava com a mãe.
— Vamos logo com isso, se não vamos perder o trem. — apressei logo mamãe. Ela era tão carinhosa que chegava a me causar enjoos. — Tá bom, tá bom. Eu também te amo!!
Dei um abraço apertado nela, e um abraço rápido no meu pai. E puxei Klaus para dentro do trem, se não nunca sairíamos dali – se dependesse daquele bebê chorão mimado. Fiquei acenando algum tempo para eles, fingindo um sorriso. E então dei um jeito de sumir das vistas do meu gêmeo e tomar meu rumo dentro do trem.

E u nunca entenderia por que Tomás era tão insensível com nossos pais. Mas eu também não ligava, sabia que estava fazendo minha parte e sendo um bom filho – mesmo que não passasse tanto tempo quanto gostaria com papai.
— Prometo! — estava ouvindo todas as recomendações de mamãe e confirmando que faria tudo o que ela dizia. — Mandarei cartas todos os dias, com todas as novidades. — olhei para Tom afastado, claramente impaciente. — E lhe mando notícias desse encrenqueiro também.
Meu gêmeo sempre arrumava um jeito de chamar a atenção em Hogwarts, seja por bem – raramente era – ou por mal – quase sempre. Mamãe ficava com os cabelos em pé de preocupação, já papai parecia não se importar muito. Eu sei que era o jeito dele, mas ele parecia não ligar para nós tanto quanto mamãe. Fazer o quê?!
Despedi-me deles com um abraço apertado, já prevendo a saudade que eu sentiria dos dois. — Amo vocês!!
E saí sendo arrastado por Tom, que claramente queria me esganar por ter prolongado as despedidas – eu não tinha culpa se ele era um insensível e ingrato. Acenei para meus pais por uma janela próxima da entrada até perde-los de vista, achando que meu irmão estava ao meu lado. Porém, ao me virar, ele tinha sumido. “Esse maldito oportunista!” — pensei caminhando calmamente para o vagão da Sonserina.

May havia nos ajudado a arrumar os malões uma semana antes do embarque, eu estava ansiosa demais para aquele ano porque tinha uma prova muito importante para fazer. Eu queria me dedicar totalmente aos meus estudos para ter boas notas, eu queria poder ajudar mais em casa desde a morte do meu tio não tínhamos muitos recursos. – Tenho certeza que está tudo no malão, revisamos isso várias vezes. – Falei gentilmente para May que parecia nervosa com nossa partida, eu queria poder dizer palavras mais acolhedoras para ela. May ficaria sozinha em casa porque iriamos para Hogwarts com Charles sendo o novo diretor da Corvinal, a promoção daria ele mais bônus e isso era bom para nós. Ben, meu irmão mais novo, ia mais calado ao nosso lado porque ele não era alguém que falava muito. May nos parou para entregar um saco com moedas. – Não precisa! – Falei, ela era muito boa conosco e nos deu algo significativo, não tínhamos mesada ou algo do tipo, mas ela nos entregou dinheiro para Hogwarts. Isso pareceu animar Ben que recebeu com um grande sorriso no rosto. – Obrigada! – Guardei e sorri para ela, eu não tinha pretensões de gastar tudo, mas eu fiquei feliz de poder ir ao vilarejo comprar pelo menos um doce da Dedosdemel. Ela nos puxou para um abraço que me fez rir, era como uma irmã mais velha para mim apesar de ser nossa prima. Morávamos com eles desde a morte dos nossos pais e eles eram carinhosos. Charles lembrou que tínhamos que ir e empurrei meu carrinho para a passagem da plataforma ao lado do meu irmão.

A plataforma já estava a todo vapor cercado de alunos e pais, eu me sentia perdida e olhei para trás confirmando que Charles e May estavam atrás de nós. – Não se perca! – Chamei a atenção do meu irmão que adorava sair de perto de mim, aparentemente Ben era um lobo solitário. Vi May se despedindo de Charles e voltou para nos abraçar, ela parecia que iria chorar e eu não queria isso. – Você também deve escrever contando sobre o novo emprego. Se cuida! – Falei para ela e finalmente nos afastamos para entrar no trem quando eu vi Lilith, a loira estava bem ali e acenei para ela ao me aproximar. – Lil, seu cabelo cresceu tanto! – Falei com um sorriso no rosto, mas ela falou de um jeito que sempre me deixava incomodada. Fiz um biquinho porque eu tinha muito orgulho da Grifinória e não fazia esse tipo de brincadeira com a casa dela apesar de todos saberem da índole duvidosa de seus membros. – Já vi que não mudou nada! – Murmurei me virando para Ben que estava colocando os malões no trem com a ajuda de Charles. – Nos vemos em Hogwarts irmãozinho! – Falei baixo com ele, sabia que Ben iria para o covil das cobras se esconder e evitar pessoas.

Voltei minha atenção para Lilith e vimos Amália se aproximando, pelo olhar trocado com a outra Sonserina eu sabia o que ela queria fazer. Era um bom jeito de cumprimentar uma amiga que não via a meses. Lilith e eu pulamos em Amália. – Amália que bom rever você! – Falamos ao risos para a menina que estava nos praguejando, formamos uma pequena confusão ali, algumas pessoas nos olhavam de cara feia, especialmente as senhoras com mais idade. Eu olhei em volta para entrarmos logo antes do horário de partida, mas só foi eu virar um segundo para voltar a ver uma cena que me deixou sem ação. Lilith e Amália estavam aos beijos. Eu fiquei: ótimo, vou ser uma vela para o resto do letivo inteiro. Me aproximei delas cutucando as duas. – Se continuarem nisso vão ficar sem ir para Hogwarts. Vamos entrar! – Falei rapidamente para elas. Com isso entramos no trem para procurar um lugar para nós três. Eu estava feliz por estar indo para casa.

Expresso de Hogwarts

Talvez eu não tivesse atrasado, se mais cedo naquele dia, eu houvesse dado ouvidos a meu pai. Aconteceu por acidente, aquela minha distração descabida com Arthur no telefone, não notei que estava perdendo a hora de embarcar. Acabei me despedindo do garoto sem muitas gentilezas, quando o elfo domestico invadiu meu quarto exasperado. Seu rosto transparecia bem o panico que ele sentia, provavelmente por culpa das insistencias do meu pai em faze-lo me apressar. Sei que nem mesmo buda acalmaria aquele elfo, que cruzava o quarto de uma ponta a outra jogando minhas roupas dentro do malão e depois dobrando-as com magia. Ajudei-o colocando o que mais me importanva e então desloquei-me ate o banheiro, onde finalmente fiquei pronta. Quando momentos mais tarde, saimos de casa, senti meu peito formigar e minha barriga congelar, ao ver meu bairro ficando para trás.

Foi a mesma coisa de sempre; cruzar a passagem da plataforma e então lá esta eu, na nove e três quartos, indo até o vagão para guardar minha bagagem. Quando minhas coisas foram guardadas, acenei em despedida para minha coruja e sai em direção à meu pai, que parecia não muito mais nervoso que o habitual — Pai, sinceramente, parece que eu sou uma criança quando você age desta forma. — resmunguei enquanto cruzava os braços sob o peito. Ele reclamou sobre meus ultimos dias de farra em Hogwarts, onde acabei lhe dando muito trabalho, o que me fez erguer a sobrancelha imediatamente — Olha, não foi minha culpa apenas, não é como se eu fosse a baderneira e desvirtuosa da escola, ok? Não obriguei nenhum a me seguir e tambem não fiz nada demais, foram apenas algumas bebidas e bombinhas! — afirmei sem rodeios, enquanto o encarava — Agora, se me da licença, vou embarcar. Tchau! — Beijei sua bochecha antes de me afastar.