Estudo sobre segurança

O dia havia começado e May estava na cozinha fazendo chá e bolo para o café da manhã, era a sua função dá uma de mãe com seus irmãos. Ela preparava a mesa com ajuda de Karina, colocando frutas também e deixava a janela aberta para a chegada da coruja que trazia o jornal matinal. Era uma rotina simples que sentia prazer em executar, sentar todos na mesa para refeições fortalecia os vínculos. Depois disso cada uma procurava suas próprias coisas para fazer, ou voltavam para o quarto para dormir, afinal, ainda restava alguns dias antes do ano letivo começar.

May por sua vez ia para o seu laboratório, ela tinha algumas coisas para terminar além do elixir fortalecedor. Ela pegou um pesado livro com uma capa que tinha presilhas de ferro, elas chocavam-se uma com as outras fazendo um tintilar como de sinos antigos. May abriu e procurou por uma página marcada, eram algumas teorias de alquimistas antigos sobre transmutação de metais, já que May queria fazer um anel mágico. Era o primeiro experimento dela naquela área e por isso precisava ter cuidado. – Vejamos onde paramos! – Ela se sentou e pegou seu caderno de anotações, May selecionava métodos mais eficientes e menos perigosos para manusear metais inferiores, ela não queria usar reagentes agressivos como o mercúrio. Apesar de haver poucas transmutações fácies, ela tinha esperança de achar um meio termo nos processos, testar novas possiblidades.

Claro que antes de fazer algo ela precisaria transformar o ambiente em um lugar seguro, por isso ela estava lendo sobre técnicas de segurança. Algo interessante era ter uma fornalha ao ar livre, algo que daria trabalho de construir e o irmão dela precisaria aprovar a ideia. [...] Depois de algumas horas lendo e anotando May resolveu dá uma pausa, ela já tinha até desenhado o modelo de fornalha que faria, um estilo medieval com alguns upgrades. Ficou em pé esticando os braços e moveu a cabeça de um lado para o outro, estava fadigada de tanto ler, por isso foi para o andar de cima tomar uma xícara de chá.

Amigo Ben!

Depois de comermos nos dirigimos para o meu laboratório, estava animada para mostrar um pouco mais da Alquimia para ele. Liguei os candelabros deixando com mais luz que costumava ter, apenas para tirar aquela coisa de masmorras sombrias, era apenas o subsolo da nossa casa. – É aqui que me escondo! – Falei rindo, pois passava muito tempo ali embaixo lendo e estudando, ainda não era lá grande coisa, mas estava começando a melhorar o ambiente conforme eu evoluía como alquimista. – Ainda não está como eu gostaria, pretendo expandir, mas serve para o nível que estou e para os produtos que fabrico. – falei indo para perto da mesa, havia um grimório simples sobre os primeiros passos da Alquimia. Chamei ele para mais perto e abri o mesmo. – O que você sabe sobre Alquimia? – Estava pronta para palestrar sobre a minha profissão, muitos tinham ideias bem erradas sobre o que poderia ser e não ser.

– Alquimia envolve muitos ramos do conhecimento, como se combinasse cada um deles para criar uma coisa nova e única. Metalúrgica, química, física, magia, ocultismo, religião. Deve ser a única matéria que consegue conciliar crença e racionalidade, parece difícil compreender assim, mas é algo simples no final, se você deixar seus pré-conceitos. – Falei animada e apontei para umas figuras no livro. – Os três objetivos principais que muitos passam a vida tentando, o elixir da longa vida, transmutação de metais inferiores em ouro e a criação de vida artificial. – Tentava resumir o máximo para ele tudo, pois era muita coisa e poderia o confundir, também não era uma aula exatamente. – Se tiver alguma dúvida eu posso responder, claro, vai custar pouco por ser meu amigo! – Soltei uma piscadela para ele, já que eu ganhava como palestrante em alguns eventos também. Embora eu fosse bastante vergonhosa nessas situações, preferia um pequeno e seleto grupo que uma plateia propriamente dita.

Off: Atemporal com Ben Thunder.

Fogo

Alguns dos experimentos de Alquimia não eram agradáveis, especialmente o odor, por isso que do lado de fora da casa ela construiu um forno. Ali ela praticava um dos processos alquímicos conhecido como Operação Negra, ligada a decomposição de matéria, seja por fogo, ácido ou substancias naturais como adubo. Ela estava fazendo aquilo depois de ler sobre rituais de sangue, mas como trazer um corpo a vida? Ela pegou dois castores mortos e um deles embalsamou com alguns óleos egípcios e enrolou em bandagens especiais antes de colocar em um forno de barro. Com lenha ela queimou ele a fogo baixo por dois dias, o cheiro era disfarçado com muito incenso que ela queimou do lado de fora, ainda assim era algo ruim de conviver.

Já o outro castor ela enrolou ele com algumas ervas aromáticas e colocou em um caixão forrado com runas de proteção contra arrombamentos, a não ser que fosse ela própria a abrir. Ali colocou escaravelhos próprios, sabendo que eles ajudariam a decompor o corpo, fora o óleo que ela colocou no corpo. Não era um ácido, mas com o calor iria reagir ajudando com os pelos. Lacrou bem e enterrou no seu quintal, onde iria passar pelo menos sete dias antes dela tirar, o ideal seria mais, no entanto, ela iria acompanhar o passo a passo da decomposição. [...] retirou o primeiro castor do forno levando para o seu laboratório, ela queria achar meios de purificar melhor aquele corpo, por exemplo, se os fundadores tivessem voltado mesmo a vida, eles iam precisar de um corpo, mas seria o deles mesmo? Putrefato a anos atrás? Ela precisava verificar se era possível resgatar um corpo naquele estado.

Com muito cuidado ela tirou os panos queimados, muito dos que entraram na carne e ficava impossível de ser puxado. Antes de o queimar ela separou o sangue do castor, agora jogou metade sobre ele junto a sangue de castor vivo, criou um círculo de proteção contra espíritos maus. Queimou incenso para purificar o ar e leu alguns ritos antigos sobre necromancia, jogou sal ao redor do corpo e ossos de castores mortos naturalmente, em seguida no último dos cantos jogou o restante do sangue. Ouve um grito horrível que fez a jovem dá passos para trás, o castor queimado se mexeu e no final o corpo dele todo se desfez em pó. May ficou aliviada que não deu certo, mas parecia que ela tinha chegado a algum resultado. Pegou um pergaminho e começou a anotar tudo que fez, iria mandar para os aurores sobre rituais de necromancia, claro, ela tinha errado o passo a passo, mas ainda tinha um outro castor para ser testado.