You need to be sure

Depois de um dia cheio em Ottery St. Catchpole, Romeu estava cansado e um tanto mau humorado. Estava investigando ativamente o motivo das mortes, para que conseguissem entregar um resultado o mais rápido possível. Ele estava ajudando Orpheus com o lobo que o especialista em criaturas perigosas havia encontrado próximo ao local do crime, com a parte do corpo que faltava de uma das vítimas. Eles deveriam ser o mais rápido possível, pois não sabiam a situação do animal. Portanto, encaminharam-se para o Laboratório de Pesquisa Animalesca, depositando-o sobre uma maca. Romeu não podia mentir: Gostava de animais, principalmente dos mágicos. Havia se dado bem em Hogwarts na matéria de Trato das Criaturas Mágicas, e sabia algumas informações sobre estes. O lobo parecia estar saudável, e aparentava ser jovem. — Como você o pôs para dormir? — Perguntou para Orpheus, enquanto ajeitava o lobo de forma correta na maca. Segundo ele, havia utilizado feitiços, e que provavelmente acordaria logo. — Vou aplicar uma dose forte de Poção de Sono, dopando-o durante algumas horas. — Caminhou em direção ao seu laboratório de Poções, acendendo a ponta da varinha e pegando uma bandeja. Carregou-a com algumas seringas, utensílios de higiene, e alguns frascos de poção. Retornou ao Laboratório de Pesquisa Animalesca, e caminhou em direção a uma pia, encontrada numa bancada embutida na parede. Lavou suas mãos rapidamente, e vestiu luvas, pegando um banquinho móvel, sentando-se e indo até a maca do lobo. Preencheu uma seringa de alguns mililitros, e com a ajuda de Orpheus, injetou o líquido de forma intravenosa no animal. — Mais alguns minutos e a poção começará a fazer efeito. — Falou, retirando as luvas.

Com o lobo dopado, Orpheus decidiu por analisar a estrutura física do animal. Romeu não era tão experiente naquela área, por isso, apenas observou enquanto o homem apontava as características do mesmo. Aparentemente, o lobo estava saudável, com a gengiva rosada e sem nenhuma marca ou cicatriz pelo corpo. Ou seja, estava em perfeito estado. Romeu não sabia se poderia achar alguma pista que os poderia ajudar com aquele caso, porém, sabia que o sangue poderia revelar até os menores detalhes. — Eu vou pegar os utensílios para retirar o sangue. Enquanto isso, você poderia segurar a boca dele? É normal que eles tenham espasmos fortes, principalmente quando a questão é extrair sangue. — Ele já havia passado por uma experiência como aquela, antes de se tornar auror. Com a bandeja próxima de si, vestiu outro par de luvas, preparando uma seringa com o calibre um pouco menor da que havia utilizado para introduzir a poção de sono no sangue deste. Pegou um elástico de borracha para envolver o braço do animal, a fim de que as veias ficassem mais visíveis. Colocou-o na posição correta, e analisou o braço do animal com cuidado, introduzindo a agulha assim que encontrou um lugar bom. Puxou o sangue do lobo (de cor vermelha escura, quase preta), e depois de atingir uma quantidade razoável, removeu-a. Felizmente nenhuma reação havia ocorrido. Transferiu o sangue para uma ampola, e começou a chacoalhá-la, separando assim o plasma do restante dos elementos restantes que formam o composto. Guardou-o em um recipiente separado, e levou o líquido vermelho escuro rico em células do sangue para uma máquina de análise sanguínea bruxa, esperando que surgisse algum resultado.

[...] Algumas horas depois, a análise ainda não havia sido finalizada. Romeu não conseguia parar de bocejar, e apesar de já ter tomado algumas xícaras de café, o sono e o cansaço eram cada vez mais presentes. Acompanhava ativamente a leitura do documento emitido pela máquina, não deixando nenhuma parte de fora. Todas aquelas informações eram importantes, e apesar de não terem revelado nada de novo, sabia que deveria estar atento a tudo. Enquanto finalizava seu quarto copo de café, observando o lobo, Romeu quase cuspiu todo o líquido de sua boca. O lobo estava tendo espasmos involuntários, significando o início de uma parada cardiorespiratória. Levantou-se rapidamente e quase gritou em direção à Orpheus, que estava concentrado na análise da parte do corpo faltante encontrada. Eles não podiam perder o lobo. Vestiu suas luvas novamente, e pegou a varinha. Percebeu naquele momento que uma grande quantidade de sangue saia pelas orelhas, olhos e boca do animal, que se contorcia sobre a maca. Nenhum dos dois havia se desesperado, pois não queriam piorar mais ainda a situação. Romeu não tocou no lobo, e seguiu com a ordem do outro especialista. Concentrado, apontou a varinha em direção ao peito do animal, e se afastou da maca, citando o feitiço. — Reanimus! — O lobo parou repentinamente, e Romeu quase pensou que o haviam salvado. Porém, negativo. O animal voltou a expelir grandes quantidades de sangue, e a convulsionar. Nunca havia visto nada do tipo, e sabia que aquele lobo, havia sido vítima de uma poção. Orpheus insistiu em utilizar o feitiço “Inflatis”, porém, sem resultado. O animal havia morrido ali, com muito sangue espalhado pela maca. Romeu continuou em sua posição séria, um tanto abalado por ter perdido todo o seu esforço. E além disso, ter perdido uma vida.

— Bom, acho melhor você cuidar disso. Vou voltar para finalizar a análise do sangue. — Retirou as luvas sujas de sangue, e repousou a varinha sobre a bancada. Sentou-se novamente no banco móvel, e percebeu que a análise havia terminado. Correu o olho pelo documento, indo para o que o interessava: as poções e substâncias. Neste ponto, a máquina sabia que havia algo, porém, não sabia identificar. Ou seja, havia algo de diferente que certamente havia causado toda aquela situação com o lobo. Romeu poderia quase afirmar que o braço encontrado na cena do crime, e os corpos, possuíam a mesma substância. Quando Orpheus retornou à sala, que já não tinha mais o lobo, ele explicou a situação ao especialista. — A máquina não conseguiu identificar uma substância no sangue do animal. Porém, ela não sabe qual é. Provavelmente ela foi a “assassina” do lobo. — Em meio à toda aquela situação, ele não conseguia se alegrar. Aquele era sim um ponto positivo, mas ainda assim era frustrante e entristecedor. — Eu vou organizar algumas coisas aqui. Preciso arrumar essa bagunça toda, que eu fiz com seringas e etc. Porém, bom descanso, porque amanhã a caminhada vai ser longa novamente. — [...] Alguns dias depois, Romeu havia recebido a notícia de que os mesmos compostos encontrados no sangue do lobo, haviam sido encontrados nos corpos e também no braço encontrado. Ou seja, tudo estava interligado. A teoria do homem poderia ser uma das mais corretas até o momento. Não deixou de compartilhar a notícia com Orpheus, um de seus parceiros ao longo da semana. A poção parecia ser uma peça chave naquele momento, porém, ele precisava ter certeza, para que não se frustrasse repetidas vezes.