Agora na gravidez Samuel me trata com tantos dedos que pareço um bibelô de vidro. Noite passada mal consegui dormir por conta da barriga que ja aparece. Ele chegou a ficar monitorando quando como o que de certa forma me fazia rir, mas ele ligava? Não. Por mais que eu conseguisse me alimentar sozinha, ele não ligava e chegou a pedir licença para passar mais tempo comigo, o que de certa forma não foi ruim. Ficava com minhas recentes roupas largas e chinelinhos passeando pela casa enquanto Sam bancava o meu medico particular. Vitaminas, boa alimentação, sono. Fazer oque, é um medibruxo e bem sei que ele sempre fez este instinto protetor, me lembro que por muito menos ele não ficou furioso quando me feri na escola e apareci no hospital ferida.


Estava em meu quarto deitada ja que minha barriga começava a pesar. Olhos fechados e um lençol cobrindo meus pés, fiquei assim durante um bom tempo ate sentir um enjoo novamente. Era quase que constante meus enjoos e tonturas, por isso ficava sempre deitada ou caminhando devagar pela casa, ajudava nas contrações e eu ainda podia monitorar o que o D'Artagnam fazia, meu gatinho de estimação novo que por sinal não podia tocar por causa dos pelos. Depois de muito tempo por ali resolvi ir comer algo antes que meu marido chegasse e reclamasse, e alias, a fome nao era pouca. Saio do local.

O meu expediente de hoje já havia acabado, e eu já estava de saída pra casa, mas acabei topando com ninguém menos que meu gêmeo no meio de um dos corredores. - Oi Mylo! - O cumprimentei com um sorriso, vendo ele sorrir de volta. - E então, já está familiarizado com o ambiente? Está gostando? - Perguntei curioso, e ao ouvir a resposta afirmativa e animada dele assenti. Ele perguntou se eu já estava indo pra casa, ao que balancei a cabeça afirmando, e soltei um suspiro. - Preciso ficar de olho nela... você sabe. - Completei. Me despedi de meu irmão com um abraço descontraído, e enfim aparatei para a casa que eu ainda estava pagando. Abri a porta com a varinha, e depois de entrar, novamente a tranquei com magia e segui para minha suíte. Soltei um bocejo enquanto ia doser térreo ao primeiro andar, e quando entrei no cômodo, dei de cara com minha esposa deitada na nossa cama. Sorri ao perceber que ela me olhava, e tirei o jaleco do hospital, jogando-o a um canto do quarto. - Como andam meus três amores? Posso apostar seguramente que sentiram minha falta! - Brinquei com ela, colocando uma das mãos na nuca dela e puxando o rosto dela pra mais perto do meu, dando-lhe um selinho demorado. Me afastei rapidamente pra tomar um banho, mas logo voltei pra perto dela. Deitei ao lado de minha esposa, e passei a mão pela barriga dela, num ato carinhoso. Ok, eu estava mesmo fazendo aquele papel de papai babão. - Não vejo a hora de poder por nossas crias no colo. - Murmurei manhoso, e sorri pra ela.

Depois de sair do banho coloquei meu vestido e fui me arrastando para a cama onde me deitei depois de um longo dia com Stéph. Deitada de lado durmo profundamente por cerca de duas horas. [...] Desperto com os chutes deles em meu estomago e me viro de barriga para cima enquanto olhando o teto branco e liso. Passo a mao na barriga respirando fundo tentando acalma-los quando o completo silencio do meu quarto é cortado pelo som de Sam chegando. Ja sabia que era ele, minha casa era protegida contra trouxas e etc, mesmo assim minha varinha estava sobre o criado mudo a meu lado e a fitei de relance quando vi a porta de abrir e Sam surgir retirando seu jaleco - Estamos ótimos e realmente com saudades. - afirmei rindo quando ele ergueu meu rosto e assim pude lhe retribuir o beijo. Ele logo saiu, tomar banho claro, eu fiquei ali tentando me erguer para apoiar as costas na cabeceira da cama quando ele surgiu e se deitou a meu lado, alisou minha barriga num gesto fofo que fez as crianças se agitarem mais, parece que ja conheciam a voz do pai - Confesso que eu também. - afirmei rindo e continuei - Eles parece que sentiram você chegar, me acordaram com chutes no estomago. - murmurei olhando a barriga como se os pudesse ver através dela.

Estava me sentindo bem melhor agora, já que estava tudo bem com minha esposa e com meus filhotes, além do que não existe lugar melhor do que a nossa casa né. Olhei pra ela com as sobrancelhas erguidas ao sentir alguns chutes vindos de sua barriga, e sorri. Era engraçado como eles pareciam tão agitados, isso quando tinham dois pais bem calmos. - Que bom. E eu também senti saudades de todos. - Respondi, tentando não ser tão bobo quando dizia aquilo. Sorri quando ela disse que nossas crianças pareciam ter sentido a minha presença, e não vou mentir, por mais irreal que aquilo pudesse ser, eu fiquei bem feliz de ouvir isso. - Nossa! Eu nem fiz tanto barulho assim. - Brinquei com ela, e dei um beijo em sua testa. - E você, mamãe? Comeu direitinho, bebeu muita água e descansou bastante? - Perguntei pra ela, fazendo uma cara um pouco mais séria, mesmo que estivesse sorrindo. Aninhei minha esposa em meu colo, e senti ela repousar a cabeça dela em meu peito nu, já que eu estava sem camisa. - Espero que eles não nos confundam com nossos gêmeos.. - Falei brincalhão, em seguida arrancando um beijo demorado dela. - É sério, não vou aguentar ser confundido com o Mylo! - Continuei a brincadeira, abraçando-a com cuidado.

 
Ele riu quando murmurei que os bebes pareciam tê-lo sentido chegar – Eles devem ter um radar, algo assim quem sabe. – brinquei com ele rindo e logo selei os lábios num sorriso quando ele beijou minha testa, neste momento o olhei e comecei a deslizar o corpo ate que as costas se colassem à colcha – Sim, sim e sim. – murmurei repetidas vezes deixando-me ser acolhida em seu colo. Deitei minha cabeça em seu peitoral e continuei a falar – Que marido mais preocupado esse. – faço uma voz fanha e brincalhona quando ergo o olhar. Cerca de alguns longos segundos depois ele me tira de meus devaneios para me fazer uma observação muito interessante. Só pude rir com o que ele disse. Retribui o beijo antes de murmurar algo - Meus filhos chamarem a doida da Emilly de mãe? Inadmissível. – brinquei e ri fazendo uma expressão de chocada. Olhei para ele meio ao riso e comentei tentando lhe assegurar de algo que eu tinha total certeza – Temos que tomar cuidado, se bem que acho difícil eles acharem que os pais são Mylo e Emilly.... São o Mylo e a Emy amor. – ri pensando na situação. Seria cômico e com certeza daria uma dor de cabeça enorme.

Sorri quando ela disse que nossos filhos podiam ter um tipo de radar. Seria bem engraçado se fosse mesmo assim, só digo isso. - Interessante essa sua observação. - Murmurei com um sorriso no rosto, e ergui uma das sobrancelhas enquanto ela respondia à uma outra pergunta minha, que era mais importante e séria porque envolvia tanto o bem-estar dela quanto dos bebês. - Unhum. Ninguém mandou se casar com um medibruxo, amor. - Retruquei animado, e pisquei pra ela. Eu achava que mesmo que não fosse da área da saúde iria ser preocupado também, mas talvez um pouco menos, mesmo que se tratando dela eu sempre sentisse preocupação. Fiz uma careta ao imaginar minha cunhada sendo chamada de mãe pelos nossos pequenos, mas acabei sorrindo porque apesar de estranho, isso também seria engraçado. - Já pensou se me eles confundissem com o Mylo?! - Ponderei, novamente fazendo careta. Ok, isso não ia ser muito legal, além do mais meu irmãozinho não tem um pingo de juízo. Ri quando ela disse que talvez não acontecesse, porque apesar de sermos idênticos aos nossos gêmeos, eles têm personalidades e jeitos bem diferentes dos nossos. - Até que pode ser. Mas não podemos esquecer que eles são iguaizinhos à nós.. - Falei de um jeito tranquilo, e fiquei brincando com alguns fios do cabelo dela. - Coitado do Magnus e da Margot, vão ficar bem confusos no começo. - Disse, suspirando pesado. Enquanto eles não soubessem falar, isso ia ser um problema.

 
Ri quando ele comentou sobre o Mylo novamente, era realmente uma situação da qual riria muito – Vamos dar uma chance a eles, quem sabe não confundem. – pensei bem no que disse e completei – É melhor não criarmos esperanças, tudo e possível. – ri e senti eles se mexerem com mais agitação, não senti dor, mas a sensação era impossível de se acostumar, embora seja boa. Ele remexeu uns fios de meu cabelo e reajeitei minha cabeça em seu peitoral olhando para baixo, mais para minha barriga que estava de lado, assim como meu corpo, virado para Sam e confesso, estava bem confortável – Vão, tadinhos dos nossos anjinhos. – murmuro sorrindo e olho para minha barriga como se eu e eles nos encarássemos, porque entender eu sabia que entenderiam, do modo deles é claro – Uma dica; a loira e doida é a mamãe e o moço sério e extremamente protetor é o papai. Viram? Não tem erro. – ri dando espaço para que Sam também oportunidade de fitar a barriga com mais clareza. Senti um chute depois que ri e levei rapidamente a mão dele pela minha barriga para que ele sentissem, por sorte ele teve a chance, já que os chutes não pararam por ali – Ta vendo, nossos filhos são extremamente inteligentes, igual ao pai. – sorrio sentindo aquela emoção ao ver que há vidas dentro de mim que compreendem bem o mundo ao seu redor, nem a magia é tão fascinante. Ergui a cabeça de leve e dei um selinho em Sam, breve, mas nem tanto.

A ideia de ser confundido com o Mylo era muito engraçada, porque ele não tinha muito jeito pra cuidar de crianças pequenas, ele mal cuida de si mesmo! Não que eu tivesse, aliás, ainda ando preocupado com a possibilidade de não ser um bom pai pros meus filhos, mas espero que eu seja, ou ficarei me culpando pelo resto da minha vida. Ergui uma das sobrancelhas com a primeira parte do que ela disse, mas voltei ao normal quando ela reformulou. De fato ia ser bem confuso pras crianças, porque elas ainda seriam muito pequenas quando fossem conhecer os tios. - Tadinhos mesmo. - Repeti o que ela disse, com um sorriso no rosto. Estes últimos meses têm sido incríveis, e eu nem me surpreendo mais com o fato de eu ter passado meus melhores dias com Jenn. Ela realmente desperta o meu melhor lado, e não sei como eu conseguiria viver sem ela. Depois de tantos anos, de tanta coisa que nós vivemos, é difícil imaginar minha vida sem essa mulher. Ri bastante com a definição que ela deu às crianças, sobre como reconhecer o pai e a mãe. Como se eles pudessem entender! - Eu sou sério? Você acha? - Perguntei com um sorriso bobo, e depois fitei a barriga dela. Fiquei olhando, como se pudesse ver meus filhos ali, e aproveitei pra dar um beijo no local. - Não consigo ver vocês, mas tendo nós dois como pais, tenho certeza que são lindos! - Murmurei animado e coloquei uma das mãos na barriga de minha esposa. Imediatamente senti um chute, e olhei pra ela, com um de meus mais sinceros sorrisos. Parecia irreal que eles reconhecessem a voz ou o toque de alguém que nunca viram, mas naquele momento eu senti o contrário. Era como se eles soubessem que era eu que estava ali, e isso era incrível. - Parece coisa de outro mundo quando você fala... mas acho que eles sabem mesmo quem nós somos. Eles sentem. - Disse ainda encantado. Se eu babava daquele jeito com eles dentro da barriga, imagine quando eles saírem!

 
Sorri com a duvida dele e afirmei com a cabeça - Acho, um pouco. - murmuro. Sam tinha esse jeito serio e protetor, mas no fundo ele era tão bobo quanto eu, a prova disso foi o dialogo com os bebes e eu não pude evitar um sorriso. Sem duvida são lindos. Alisei a barriga e respirei conforme os chutes diminuíam. Era bom senti-los, mas doí. Sam pareceu gostar da experiencia e nao era para menos - Sim. Eu chego a me surpreender com certas coisas. - sorrio olhando para meu marido enquanto me acomodo mais contra seu peito.

Sorri quando ela disse que me achava sério, o que não deixava de ser verdade em alguns momentos. - Talvez eu seja, mas só um pouco. - Falei pra ela, depois de assentir. Foi muito bom me comunicar com meus filhos, mas é melhor eu parar por aqui, porque eles ficam chutando a barriga de Jenn e isso deve incomodar. Então foi o que fiz, me distanciei um pouco de sua barriga, para voltar a ficar abraçado com ela. - É tudo muito surpreendente. - Concordei com ela. Suspirei pesado, pois estava cansado do dia de trabalho, e nada mais justo do que um descanso. Me acomodei no meu lado da cama, e dei um selinho em minha esposa. - Amor, eu vou cochilar um pouquinho. Acho que você também devia, vai fazer bem pros três. - Murmurei com a voz um pouco embargada, porque tinha acabado de soltar um bocejo daqueles. Cheguei mais perto dela, e a abracei meio de lado, repousando minha cabeça no travesseiro e fechando meus olhos.

 
Havia saído naquele dia com Margot para lhe comprar algumas roupinhas. Ela estava precisando e como Saam estava em casa, era um bom momento para deixar ele com Magnus um pouco sozinhos. Coloquei uma touca, luvinhas e a embalei no seu casaco de cashmere de ursinho na cor amarela. Ela estava toda quentinha e pronta para fazer compras, e com ela eu sai durante a manha e parte da tarde. Eu passei em todas as lojas infantis de Hogsmeade, procurei por peças mais quentes para aquela época de inverno e busquei alguns sapatinhos e vestidinhos para ela, que na maioria a deixaram linda e o mais importante, ela se pareceu gostar. Minha pequena ja estava coçando os olhinhos quando eu sai das lojas e retornei para casa, ela tinha que dormir o dia havia sido exaustivo para uma bebe de apenas dois aninhos. Cheguei em casa então, com as sacolas todas penduradas no braço e Margot em meu ombro dormindo agarradinha ao meu pescoço, larguei as sacolas no sofá da sala de estar e subi as escadarias, virei a esquerda e adentrei o quartinho dela colocando-a no berço. Quando sai, fechei a porta com cuidado ja com as luzes de seu quarto apagadas e estava seguindo ja para o meu, quando ouvi a voz de Magnus chamando pelo pai, o que foi fofo de se ouvir. Logo me encaminhei ate o quarto para ver os dois.

Aquele era um dos poucos momentos em que eu ficaria em casa o dia todo, porque com um trabalho agitado como o meu, não dava pra ter esses privilégios toda semana. Então, eu ia me esforçar ao máximo pra não desgrudar dos meus três amores, vulgo Jenn, Margot e Magnus. Minha esposa tinha saído com Margot pra comprar algumas roupinhas, e eu tinha ficado em casa com o Magnus. Tinha deixado meu garotinho brincando na sala enquanto eu tomava banho, e quando eu estava me vestindo, ouvi ele me chamar. - Nossa, e pensar que foi um dia desses que eu trouxe ele pra cá. Já está falando! - Me surpreendi, deixando um sorriso orgulhoso escapar de meus lábios. Saí do banheiro e logo cheguei perto do meu loirinho, que me abraçou bem forte. Apertei ele um pouquinho, mas sem esmagá-lo ou algo do tipo, e baguncei um pouquinho seus cabelos, mesmo que fossem poucos fios. Magnus gostava de ficar esfregando o rosto em meu ombro, e era isso que ele estava fazendo enquanto eu o aninhava melhor em meus braços. - Quem é o garotão do papai? Quem é? - Falava pra ele, erguendo-o para o alto e depois fazendo cócegas em sua barriga. Notei que os olhinhos dele estavam mudando de cor, um sinal da metamorfomagia que ele também possuía, herdada de mim.

Resolvi fazer algumas gracinhas com a habilidade, e fiz com que meu cabelo ficasse azul. A mudança chamou a atenção de Magnus, que sem perceber tinha arregalado os olhinhos. - Olha o que o papai consegue fazer. - Disse, piscando pra ele. Em seguida, fiz com que minhas íris ficassem azuis também, num tom bem chamativo. Não demorou muito para que ele abrisse um sorriso, e eu acabei sorrindo também. Peguei as mãozinhas de Magnus e as coloquei sobre minhas orelhas, e com algum esforço as tornei pontudas como as de um elfo e as deixei bem molinhas. Claro que meu menininho apertou minhas orelhas, e eu fiz algumas caretas engraçadas pra ele, que só fizeram com que ele risse mais. Brincadeiras à parte, depois de muitas risadas voltei com minhas características normais, e abracei meu filho. - Papai ama Magnus! Viu? Papai ama você! - Falei, apontando pra mim e pra ele. Sentei na cama, ainda segurando-o, e deitei um pouquinho, fingindo estar cansado. - Agora o papai vai dormir, tá bom? - Ergui minhas sobrancelhas, e logo depois fechei meus olhos, já sabendo que ele ia ficar de chororô. Quando o ouvi começar, abri os olhos e o olhei com aquela cara de quem estava brincando o tempo todo. - Eu estava só brincando, garotão! - Falei todo animado e rapidamente o coloquei em meus braços, e me levantei da cama, fingindo junto com meu filho que estávamos voando. Só não sabia que no céu tinha uma mulher tão bonita, e quando vi Jenn entrando no quarto sorri meio sem jeito. - Olha garotão, a mamãe também veio voar com a gente! - Murmurei animado para Magnus, e olhei para minha esposa, insinuando que ela teria de brincar com nós dois.

 
Observei os dois carinhosamente e me sentei na cama, ajoelhada sobre os lençois os encarando - A mamãe pode voar também? Que privilégio! - brinquei e ri encarando Sam amorosamente, ele ficava lindo brincando com nosso filho de uma forma que poderia passar um mês inteiro e não me cansar nem por um segundo. Fiquei ali brincando com os dois e por alguns momentos distribui beijos neles, meu filhinho. Depois de um tempo nós três acabamos caindo na cama e adormecemos, eu e Sam envolvendo Magnus que estava entre nós. Depois de uma hora e meia acordei com o chute do meu pequeno bebe e delicadamente o tirei dos braços do pai para leva-lo a seu quarto, Sam merecia um bom descanso depois desta tarde agitada.

Eu sabia, antes mesmo de chegar em casa, que estava ferrado. Havia levado Magnus ao parque e juro que, num único momento de distração, meu pequeno garotinho caiu do balanço e machucou o queixo. Minha reação imediata, claro, foi pegá-lo nos braços e sair correndo para um lugar mais escondido, pra que pudesse aparatar. Como eu mantinha meus kits médicos em casa não precisamos ir ao hospital, porém eu teria que lidar com minha esposa. Eu tinha certeza de que Jenn iria ter um surto quando visse nosso filho. Uma vez em casa, saí em disparada para o meu quarto e deixei momentaneamente meu filho deitado na cama, só pra que eu pegasse as ataduras e uma poção limpa feridas. Enquanto cuidava dele, percebi que o mesmo havia quebrado um dos dentes, o que me fez ficar mais desesperado ainda. Agora, nem que eu quisesse, eu poderia esconder o ocorrido de Jenn. Por falar nela, minha esposa acabara de chegar em casa com Margot, bem na hora que eu finalizei o curativo no queixo de Magnus. - Pronto, meu filho! - Suspirei mais aliviado, percebendo que ele havia inclusive parado de chorar. Por outro lado, Jenn entrou abruptamente no nosso quarto e teve poucos segundos para assimilar a cena à sua frente. Engoli em seco, escondendo o dente de Magnus no bolso da minha calça, e voltei a olhar para minha esposa. - Me deixa explicar.. - Foi a única coisa que pedi à ela, mesmo sabendo que ela provavelmente queria me matar agora. Merlim me ajude...

Passei pela porta com Margot e subimos as escadas depois que a tranquei, estávamos voltando do pediatra com ela, ela teve um probleminha de respiração e mesmo que Sam fosse medibruxo, nada substitui um hospital, não pra mim. Ouvi as vozes de Sam e Magnus quando enquanto eu passava pelo corredor, Margot saiu em direção a seu quarto indo guardar o ursinho de pelúcia que havia comprado pra ela quando saímos do hospital enquanto eu seguia ate meu quarto onde aparentemente estava meu marido e meu filho. Eu trazia o carrinho que havia comprado para ele quando abri a porta e vi os dois sentados, Magnus com o rosto molhado e seu queixo se curando; era evidente que ele havia se machucado e pelos dizeres de Sam ele estava o curando. Ele ja levantou se defendendo, mas eu apenas larguei o carrinho no chão chocada, so me lembro de ter sentido uma raiva instantânea quando Sam começou a se aproximar de mim - O que você fez?! - tentei controlar meu tom de voz, mas mesmo não exaltando o tom era visível que estava com raiva. Sai passando por ele e indo direto a Magnus que secava os olhos, no momento em que ele sorriu para mim vi seus dentes, um estava quebrado - Samuel como você pode deixar isso acontecer?! - resmunguei abraçando Magnus e o segurando em meu colo - Filho, ta doendo? Fala pra mamãe, o que aconteceu? - a bochecha fervendo e os olhos fixados em meu filho, as minhas maos se controlavam para não machuca-lo ao mesmo momento em que Samuel falava um monte de coisas para tentar controlar a situação - E você não se tocou que não se deixa uma criança de cinco anos sozinha em um balanço nem por um segundo, Samuel?! - reclamo me virando para ele. Eu estava brava, era um ferimento que ele ja havia curado, sei disso, mas a desatenção dele poderia ter custado muito mais; e se tivessem levado meu filho? e se ele quebrasse o pescoço? ou a perna? se ele desaparecesse e nunca mais soubéssemos dele. Com certeza o mataria com minhas próprias mãos, mas no momento minha raiva estava no que poderia ter acontecido de pior e concentrava meus nervos para não causar um escanda-lo de que me arrependeria depois. Soltei Magnus e o deixei ir no momento em que respirei para falar mais calmamente - Querido, pega seu carrinho, mamãe comprou, vai brincar com sua irmã, vai. - respondi e ele saiu, em seguida fechei a porta e virei para meu marido - Não importa, você não devia ter tirado os olhos dele! E se tivesse o levado? Você não iria ver e eu ficaria sem meu filho, Samuel! - reclamei nervosa. Nunca tivemos problemas assim e o fato dele ter se distraído me deixa nervosa. Tinha tantos problemas acontecendo pelo mundo, eu sou super protetora demais e depois da morte das minhas irmãs meu pavor de que algo tirasse meus filhos de mim so me deixou mais paranoica com a supervisão deles. 

Eu sabia que ia ser difícil conversar, mas imaginei ao menos que ela quisesse me ouvir. Por isso fiquei meio atrapalhado com o fato de ela ter passado reto por mim, pegando nosso filho no colo e perguntando a ele o que havia acontecido. Respirei fundo e apenas fiquei aguardando minha esposa, mas devido ao nervosismo acabei falando. - Eu me distraí um pouco e ele caiu do balanço. E não, não está mais doendo porque eu mesmo já cuidei disso. - Respondi, mesmo que ela não tivesse perguntado aquilo pra mim. Foi a partir dessa minha intromissão que ela começou a ficar muito nervosa, e consequentemente falou um monte de coisas que, basicamente, queriam dizer que eu era irresponsável. - Jennifer eu sei que fiz errado! Mas você bem sabe que não dá pra ficar vinte e quatro horas monitorando as crianças! - Disparei de maneira ríspida, simplesmente por achar que ela estava sendo injusta. Caramba, em algum momento eu disse que eu era inocente? Só queria que ela entendesse que as coisas acontecem, e que infelizmente nossos filhos estão sujeitos a acidentes! Mesmo querendo, nós nunca iríamos evitar tudo, especialmente que coisas acontecessem.

Fiquei mais tranquilo quando Magnus saiu da suíte, porque com certeza ele não iria querer ver a discussão que seus pais estavam tendo. Assim que ele foi embora, Jenn começou a aumentar a situação, trazendo preocupações que não eram necessárias. - Pare de dramatizar as coisas! Pra levarem nosso filho eu teria que me distrair muito! - Fiz questão de frisar o " nosso ", já que ela estava pensando apenas nas consequências que ela sentiria. - Jenn, as coisas acontecem.. Nós somos pais deles, e não um escudo ou armadura que os protegerá de tudo! - Falei no intuito de acalmá-la, por perceber que ela estava se exaltando demais. - Sim, eu reconheço que errei. E peço desculpas por isso. Mas você precisa entender que é impossível protegê-los de certas coisas... Nosso dever, como pais, é ensiná-los a lidar com as adversidades da vida! - Disse, encerrando com um suspiro. Claro que eu não estava feliz pelo que tinha acontecido, porém o que eu podia fazer pra mudar algo que já ocorreu? Procurar culpados agora não vai adiantar de nada! Feito isso, resolvi ficar quieto e deixar ela falar, mesmo que fosse para contestar o que eu acabara de dizer. Só torcia para que minhas palavras tivessem devolvido à minha esposa a sua sensatez.

Ate então meu tom de voz não avia subido tanto, mas quando ele me chamou de dramática - Não é dramatizar, é a verdade! Se um dia algo pior acontecer com algum dos dois eu não respondo por mim. - bravejei dando as costas para ele andando de um lado a outro tentando controlar meus nervos, odiava brigar com ele, mas so o medo que tive quando o vi machucado, foi como reviver todas as perdas que tive, de repente aqueles medos que eu tinha sobre eles se ferirem pareceram tão reais que eu não me controlei. Mas com o passar do tempo, a medida que ele falava eu, mesmo estando furiosa, ja não atribuía essa raiva à ele. Eu sentia raiva de mim mesma por que ele tem razão, no fim das contas não poderíamos protege-los de tudo, era inevitável que eles fossem se machucar em algum momento. Eu abri a boca, e automaticamente tomei ar e meus ombros se ergueram, estava preparada para me virar para ele para continuar a despejar minhas reclamações, mas revirei os olhos, bufei e coloquei a mao sobre a testa pouco acima dos olhos, tentando me acalmar e aos poucos minha respiração me trouxe a calma que eu precisava - Nunca mais tire os olhos deles, me prometa. - viro para ele o encarando entristecida - Odeio ficar nervosa com você, mas você sabe muito bem que não aguento a ideia de que algo os machuque, Sam. - digo deixando os ombros caírem. Aquela foi a primeira vez que brigamos tão serio assim e eu não havia gostado da experiencia, ele e meu primeiro namorado e ate então nunca havíamos chegado a este ponto.

Não estava gostando nada do rumo que aquilo estava tomando. Sabia, desde o dia em que decidi casar com ela, que teríamos uma briga aqui e outra ali, mas estava longe de imaginar algo daquela proporção. Não me lembro de tê-la visto tão zangada comigo como agora, e apesar de não admitir, isso me assustava. Fiquei com o coração partido ao vê-la dar as costas pra mim, e pensar que eu causei todas as reações agressivas dela não me animava em nada. - Não piore as coisas... Você sabe que eu não vou deixar isso acontecer! - A repreendi. Era meio irônico eu dizer que ia protegê-los quando acabei de falar que nem sempre isso seria possível, porém apesar disso eu faria de tudo pra manter meus filhos bem. Sentei na beirada da cama e levei minhas mãos à cabeça, me perguntando quando iríamos parar com a discussão. Detestava ter que discordar dela em alguma coisa, mas hoje foi além de tudo o que já havíamos vivenciado. Cada palavra que ela pronunciava naquele tom raivoso doía muito em mim. - Não posso te prometer isso... Nunca é uma palavra muito forte. Mas te prometo que o que eu puder fazer por nossos filhos, eu farei. - Afirmei com um semblante sério, enquanto olhava bem para os seus olhos. Estava tão nervoso que acabei sorrindo levemente com o que ela disse, sobre se preocupar com as crianças, e tive que me recompor. - Eu sei disso. Nenhum pai em sã consciência aguenta, mas precisamos estar preparados. - Comentei meio pesaroso. Sabia que não era o melhor jeito de resolver as coisas, porém acabei puxando-a para mais perto e dei-lhe um beijo. Por não saber como ela iria reagir, preferi ir com calma, e logo o encerrei. Em seguida fiquei encarando-a, em silêncio.