— Muito bem, Nicholas, não estrague tudo. — Resmungava para si mesmo, enquanto terminava de organizar o espaço externo para a surpresa que pretendia fazer. Qualquer um que o conhecesse, sabia que ele era um romântico incondicional e isso era específico em sua personalidade e especialmente, em suas atitudes, o vice diretor estava um tanto nervoso afinal era um dia que tinha sem dúvida, o receio de que desse tudo errado e para sua sorte, se desse, havia um bar bem na esquina de casa, onde ele afogaria as mágoas antes de se mudar e chorar mais um pouco, para só aí resolver as pendências sobre a custódia de sua filha, mas apesar de tudo, estava um tanto esperançoso. Um pedido de casamento não era brincadeira de criança. E ele estava disposto a arriscar.

Genevieve, a filha do casal, encontava-se em Paris, com sua cunhada, à quem tinha adiantado a surpresa que faria e com muita sorte, ele conseguiu não ser morto e ainda conversar com os sogros, para que pudesse ter a devida permissão, pois sabia como a família era importante para Morgana e nunca faria algo desse tipo, sem sequer falar com os pais dela. Respirou fundo, andando de um lado para o outro, totalmente nervoso, à medida que movimentava sua varinha para que pudesse preparar a decoração sobre a árvore e olhou a mesa, respirando fundo novamente, para que fizesse algumas decorações ali. Afastou-se alguns passos, para apreciar e gostava da sua vista. Estava tudo magnífico, as árvores e as luzes, escondendo algumas lanternas de papéis. Era adepto da tradição de se soltar uma lanterna e fazer um pedido, a cada aniversário de relacionamento que tinham.

Retornou para dentro de casa, para que pudesse terminar o jantar, o que não demorou, já que faltava pouca coisa, logo levando para o lado de fora, onde tinha deixado alguns utensílios de cozinha para que pudesse esquentar novamente a comida se precisasse e buscou o vinho que tinha deixado para gelar, colocando gelo em um balde e colocou a garrafa ali e com o auxílio da varinha, levou as taças de vinho e água, respirando ansioso, apenas pegando um pedaço de papel e anotou um "Vá para o jardim", deixando num espaço que fosse visível de imediato para Morgana, que sabia que chegaria logo, mas não seria tão rapido também, aproveitou para tomar um banho e aprontar-se devidamente, antes de seguir novamente ao local e esperar, ao mesmo tempo que rezava para nada dar errado.

— Estou tramando a explosão da Inglaterra. — Debochou, respondendo a pergunta sobre o que aprontava, com um sorriso cínico.

Seus olhos caíram sobre Morgana que explorava o espaço de maneira curiosa e Nicholas estava lá, apenas a observando com um simples sorriso em seus lábios. Tinha a certeza de que nem tudo que o que deveria fazer estava fixo em sua mente, já tinha se esquecido, para ser sincero, porém aquilo parecia não lhe importar mais, sentia-se em paz e com um alívio sobre as células de seu ser que pareciam gritar por aquele ambiente mais leve e apenas deles. O sorriso singelo surgiu aos lábios assim que sentiu o abraço e o beijo recebido o qual de imediato, retribuiu. A mente dispersa sobre o que pretendia, ainda se mantinha, era até curioso, levando em conta que tinha passado dias em claro planejando tudo aquilo, para esquecer na presença da amada. Respirou ansioso. As lembrança de todo o planejamento acabaram por vir em um rompante e como uma imensa bomba e deixou o Jung mais nervoso do que nunca, principalmente com as lembranças do confronto com seus pais, assim que tomou aquela decisão crucial em sua vida. Felizmente, sua irmã, Stephanie e a caçula, Nathalie, o apoiava e o fazia se sentir grato, que boa parte da família, também não tinha nada contra sua decisão, apenas seus paos e isso ainda o preocupava. Entretanto, ele era pai e trabalhava para pagar suas contas, não era influenciado por seus pais. Coçou os fios escuros da nuca, estudando cada detalhe da face da outra, um tanto curioso e feliz.

— Juro que eu esqueci o porquê eu fiz isso, eu lembro que eu ia pedir alguma coisa... — Admitiu, um tanto envergonhado, quando o branco da mente retornou.

Guiou a outra para a mesa que tinha arrumado, para que se sentassem e com sua mente não muito focada no espaço, mas nela, sabia que qualquer coisa que não fosse ela, ficaria em branco. Com cuidado, serviu ambos e seus olhos não se desviavam mais do que o preciso, para que pudesse servir o alimento. Passou a fixar seus olhos, apenas em suas mãos, para tentar desviar os pensamentos variados do que viesse a acontecer e Nicholas se sentia ansioso, nervoso, preocupado e numa expectativa de que as lâmpadas de papel encantada para cair na água, fossem acendidas e seu desejo para que o relacionamento continuasse a prosperar, se mantivesse. Esfregou-as uma nas outras, tentando conter seus ânimos, era difícil e ele não estava em sua era mais racional. Retirou de um espaço que tinha separado, uma caixinha da Harry Winston, dando-a para Morgana, revelando os brincos que lá haviam e ele se sentia mais que ansioso. Tinha consciência do fato que não eram presentes caros que faziam a Barrière estar consigo, sabia bem o quanto era amado por ela e ele era consciente do amor que sentia por ela, porém datas especiais não se passavam batidos e era uma obrigação moral do Jung, de sempre deixar algo preparado e possivel de ser dado naquelas épocas e especialmente, nunca se esquecer daquelas datas, afinal contavam a história de tudo que passaram, que tiveram e que aconteceu de bom ou ruim, ao longo de todos aquels anos, mesmo na época de Hogwarts e ele se sentia mais do que feliz.

— Presente de aniversário, não o seu, o nosso. — Explicou, de um modo um tanto desajeitado, mas que sem dúvida, ficaria claro. O britânico estava com os nervos à flor da pele, sentindo o bolso pesado, até tirar uma caixinha, que tudo pareceu lhe atingir feito um choque. Faria agora, antes que perdesse a coragem. — Ê... Isso vai sair uma porcaria, provavelmente, mas eu nunca fui bom de discursos. Não é à toa que eu te pedi em namoro por um pedaço de papel. — Confessou. — Está bem... Vamos lá. Eu não sei bem como devo começar a expressar tudo o que significa para mim, ou quanto eu te amo, ou quanto sou grato por todos os anos que ficou comigo, por ter me dado a nossa alegria, nossa filha. Então, provavelmente vou resumir com isso... — Fez uma pausa, para dar um breve beijo na suíça, fazendo um carinho sobre seus fios de cabelo. — O que eu posso expressar claramente, é o que eu quero. Quero ter um futuro com você, uma vida longa, provavelmente morrermos juntos na Coréia do Sul em uma casinha simples, com nossos cachorros e gatos, quero ver você envelhecer e ter rugas, quero ver você brincar com nossos netos, te ver conquistar tudo o que você quer e te ver feliz, te proteger e cuidar de você sempre, um futuro em que acho que... Tudo o que nós não pudemos fazer quando meus pais se envolveram, pudermos fazer, as viagens que devíamos ter tido, as brigas que devíamos ter, os o momentos. Eu odeio lembrar disso e não gosto de ver você tão ansiosa quanto eu, porque deixa meu coração agoniado, mesmo que seja por um bom motivo, me incomoda, ver você brava, triste,  me machuca mais do que te ver ferida. Posso prometer, fazer o possível para não acontecer, não prometo que nunca vou te deixar brava ou triste, porque sou realista. Mas prometo cuidar de você. Eu devo estar fazendo isso tudo errado, então provavelmente quem vai contar para os netos é você, eu não vou nem ter coragem pra isso, só para constar. — Aproximou-se da cadeira da amada, fazendo-a se virar para si e ajoelhou-se, retirando a caixinha do bolso. — É... Casa comigo. Porque eu acho que esse é o próximo passo e ficarei extremamente feliz e realizado, se finalmente puder chamar você de minha esposa. — Pediu, abrindo a caixinha que tinha em mãos, para exibir a aliança, ansioso e curioso, mesmo que seus instinto soubesse que sim, o pedido seria aceito, esperava ao menos.